Oneiric Outrage

Abri os olhos e estava dentro da maior biblioteca que já havia visto. Até o horizonte o que eu via eram estantes, portas gigantescas, corredores intermináveis e livros, muitos livros. O que me chamou mais a atenção foram as distintas decorações do local.
Todas diferentes, mas possuíam um ponto em comum, lembravam uma linha do tempo. Havia várias câmaras com esses desenhos e eu me permiti olhar detalhadamente várias delas, várias, não todas; acredite, eu não teria tempo o bastante para olhar todas nem se vivesse 200 anos, acredito.
 Deparei-me com uma câmara que me causou certo espanto, o desenho me lembrava a história da Terra, do planeta Terra. No teto, o espaço, o sol e afins, à medida que eu ia descendo os olhos, assistia a criação, ali, pintada: Plantas, insetos, animais e, enfim, o homem. Tantos livros, mas tantos livros que creio não haver nome para o número referente à quantidade.
Do nada, havia um ser encapuzado do meu lado, coisa de sonho, né? Não senti medo, apenas curiosidade, tinha uma cacetada de perguntas.
- O que é isso tudo? – Disse gesticulando com as mãos, apontando para todos os lados.
- A biblioteca. – Respondeu assim, utilizando um artigo definido. O que já me deixou mais apreensivo.
- E os livros, sobre o que são? – Não tinha etiqueta nem nada, estava sendo objetivo e conciso. Não senti necessidade de ser extremamente educado, e o cara do capuz não parecia se importar.
- Sobre tudo. – Diante de minha careta ele continuou. – Sobre tudo, tudo. Sobre a criação e as vidas existentes nesse plano. Cada livro descreve detalhadamente algo. Veja ali. – Apontou para uma seção chamada “Criação”. – Aqui temos textos descritivos acerca de toda a criação desse plano, no caso o seu plano, no planeta Terra, correto? Observe ali. – Havia outra seção chamada “Vida” e várias “subseções” com dizeres como insetos, animais, humanos etc. – Aqui estão descritas cada ação da vida desses seres.
- Eu estou aqui? – Logo perguntei.
- Logicamente. – O cara do capuz respondeu.
Parei para pensar um pouco e ver a grandiosidade disso tudo. Poxa, havia várias câmaras... Eu disse VÁRIAS. A da Terra era APENAS UMA. Fiquei impressionado.
- Quem escreveu esses livros todos? – Já estava esperando uma resposta ligada a alguma divindade nunca vista, mas...
- Eu os escrevi. – Disse o cara do capuz, sem se mover, sem esboçar nenhuma reação.
Levantei-me e olhei ao redor, ele estava respondendo tudo, eu precisava saber mais. As portas. As portas gigantes em cada câmara.
- Essas portas, o que fazem? – Perguntei apontando para a “Porta da Terra”.
- Dão vida para o conteúdo dos livros. – Respondeu sem ao menos virar para onde eu estava.
- É a Terra, então? – Eu disse já sabendo a resposta.
- Nesse caso, é a Terra. – Respondeu automaticamente.
Parecia um pouco demais para mim, pensava constantemente no tanto de câmaras que haviam ali. Soltei uma risada nervosa e disse:
- Sabe, achei que isso era trabalho de Deus ou algo parecido. – E olhei para o cara do capuz, procurando alguma resposta corporal ou algo assim. Ele então virou pra mim e disse:
- É... Eu também escrevi Deus. – E ficou ali, parado.
Folheei alguns livros sem ler nada de verdade até acordar.’


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