Bestia Lost



Eu era um espectador. De mim. Era eu ali, eu sabia. Mas não havia consciência. Estava de castigo, posto a olhar minhas atitudes sem poder interferir. Concordava e discordava, mas pouco importava, não tinha voz para agir. Pus-me a pensar... Consciência é algo aprendido? Digo, ao menos influenciado pelo meio?
Quando éramos nenéns, agíamos impulsivamente e não lembramos nada que fizemos em tenra idade, ou alguém lembra? Eu não conheço. É como se não tivéssemos a capacidade de estar conscientes, ou minimamente despertos.
Pensávamos, sonhávamos e agíamos.
Mas tudo sem consciência.
Temos por base nossas vivências para ditar nossas atitudes, mas só passamos a lembrar do que fazemos, a ter ciência de nossos atos com 4 ou 5 anos de idade. Pois estávamos imersos em meio social. E se eu nascesse e fosse jogado em um fosso. Lá crescesse até a, suposta, idade do despertar. Lembrar-me-ia de tudo?
Voltei a olhar para mim. Tomando atitudes a esmo. Como se possuísse consciência própria. Mas eu estava ali, assistindo. Só havia uma explicação. Eu não sou eu. Como era possível duas consciências para apenas um corpo?
Eis que sinto uma mão quente tocando minha cabeça e dizendo: “Já pode voltar.” E o calor começou a subir rapidamente.
Então acordei suado e chutando o edredom.
E bom dia...


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